Crianças e o Candomblé!
Mo júbà, gbogbo…
Antes de começar a desenvolver o assunto, gostaria de esclarecer, já que tem tido confusão e ,por vezes, recebo e-mails desnecessários sobre os meus posts (Como no caso de Candomblé e Sexo – Leia Aqui). Gosto de expor o assunto para ser desenvolvido, debatido e não imponho minha opinião e nem de ninguém da Educa Yoruba nos posts – salvo quando o assunto é idioma e estamos em busca da correção de alguma palavra.
Não considerem as coisas que escrevo como uma posição minha ou da Educa Yoruba do que é errado ou certo, abominamos este tipo de atitude. Então, o que se seguem são reflexões acerca do que vi e ouvi sendo debatido por praticantes do Candomblé. A Educa Yoruba não se considera dona de nenhuma verdade, ainda mais no que tange a religiosidade.
As Crianças e O Candomblé
Ouço muitas vezes as pessoas falarem que são católicas porque foram batizadas crianças e nem tiveram essa escolha, pois do contrário iriam querer ser “batizada” no Candomblé. Mas também vejo algumas pessoas indo em desacordo com a iniciação de crianças muito novas na religião, pois alegam que se quer ela teve essa escolha, acabam carregando um fardo de iniciação sem saber o que era a religião ou mesmo professar fé nela.
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Não podemos negar que elas são um verdadeiro encanto quando estão lá viradas em seu òrìsà e quando bailam no salão, todos tem os corações derretidos pela beleza e inocência das mesmas. Em contra partida, temos vistos situações de intolerância religiosa e até mesmo bullying (Tão comum nesta idade, não é de hoje este assunto, apenas assumiu um nome). Nesta idade já é crítico para quem vai para escola normalmente e tem um grupo que pega no pé, imagina indo de “contra-egun”, “pano de cabeça” ou gèlé (Leia mais sobre o pano de cabeça aqui)… um verdadeiro inferno para os pequenos.
Conheci homens e mulheres que dizem que foram iniciados ainda pequenos ao Candomblé, mas logo depois, para decepção dois pais, preferiram seguir outros caminhos, caminhos às vezes nem religiosos. Aí vem a pergunta: faz bem iniciar uma criança ainda sem real noção do que quer a este compromisso com o òrìsà, com a religião? Há algum benefício, vantagem nisso? Ou o que há que pode prejudicar a criança, ou até mesmo adolescente?
Não pode se negar que no Candomblé e Umbanda a criança tem contato com o respeito a hierarquia e a idade (coisa que alguns jovens estão deixando de lado), a disciplina e auto-controle. Percebo que alguns pais dizem ter os filhos que frequentam o Candomblé como mais obedientes e disciplinados do que aqueles que não frequentam, ou até que frequentam outra denominação. Ainda há os ensinamentos de trabalho em grupo, colaboração e os outros que incluem manutenção do ilè. A nível educação, realmente há muitas vantagens. O Candomblé ainda tem como um grande adjetivo a disciplina e ordem (alguns).
No entanto, tem a turma do contra e o foco recai logo na estigma das religiões de matriz afro: o sacrifício animal! Mas será que realmente há problema nisso? Será que o psicólogo fica cheio porque uma criança viu ou participou de uma matança, sacrífico durante um corte?
Este tema na verdade nos enche de perguntas né? Colocar inúmeras respostas seria algo bem complicado, pois sei bem o quanto a opinião sobre este assunto diverge e converge em vários momentos. Nos deparamos com N situações: uma ìyálórìsà que ama sua religião, mas só iniciará sua filha após os 15 anos e antes vai ter aquela longa conversa sobre ser a herdeira do àse; aquele zelador que se pudesse já iniciava o filho ali mesmo na mesa de parto rs! Ou há até mesmo líderes que incentivariam a não iniciação em nenhuma idade, devido a fatores externos e internos da religião.
Mas não podemos negar, elas são um encanto no ilè, o mimo de muitos zeladores e quando seguem a religião até a fase adulta, possui um grau de conhecimento prático da religião muito grande. Antigamente o Candomblé era o dia a dia de muitas crianças, era onde nasciam, cresciam, davam os primeiros passos, as primeiras palavras e enfim, ali que se tornavam, homens ou mulheres, que logo levavam adiante a cultura religiosa dos pais. E fica a pergunta: você iniciaria seu filho no Candomblé mesmo ele sendo tão novo ao ponto de não saber se é o que ele quer ou não? Deixe sua opinião nos comentários.
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Boa tarde!
É uma pergunta muito difícil e complicada. Ser iniciado é uma responsabilidade muito grande, para uma criança que não sabe do tamanho da responsabilidade que acaba sendo dos pais até eles terem consciência.
Se vc fala para alguém da religião e diz que seu filho não é iniciado ele diz q vc não considera a religião boa p seu filho. Meus filhos não são iniciados eles serão somente se quiserem. Agora eles adoram (apesar de serem pequenos, não tem noção da responsabilidade e tb não entendem muito como é), mais e quando crescerem? Será que vão querer continuar?? Como vai fazer se não quiserem??? eu que vou ficar com a responsabilidade de cuidar do Orisa deles? Afinal, foi eu que quis que se iniciassem!!! Como vai ficar a vida deles quando largar?
Na igreja católica e evangélica mesmo que sejam batizados a responsabilidade não é a mesma do que iniciado no candomblé.
Não tenho nada contra quem inicia bebê e crianças, mais na minha opinião hoje é melhor esperar eles crescerem e tomar a decisão por si. Nada impede de que frequente junto com os pais.
Mo júbà
Realmente, você colocou boas posições. O que será do òrìsà deles quando se forem? As outras religiões acabam não tendo realmente essa grande responsabilidade com energias. Ou seja, é um movimento a ser bem pensando.
Muito obrigado pela sua contribuição.
O dábò
Eu que agradeço por ter post interessantes que nos de a oportunidade de debater e o mais importante de nos fazer pensar nas consequências de nossas atitudes atuais num futuro. Por mais que eu ache boa a religião para mim e minha família, eu crie meus filhos dentro da religião seguindo seus conceitos. Isso não quer dizer que ela cresça tendo o mesmo pensamento e que ache boa para ele também. Não posso proibir eles de seguirem seu caminho, posso aconselhar somente.
Um escolhido não “escapa” e muito menos foge de sua missão. Se foi iniciado cedo ou tarde ele entenderá compreendera sua missão e seguirá por cumpri la,buscando a de alguma forma em um determinado instante de sua vida.
Acredito eu.
Asè
Concordo com você Camila! Pelo menos é isso que se espera.
Mais nem sempre é o que acontece. Conheço pessoas que largaram a religião e foram viver sua vida e estão assim até hoje, tem outras que largaram e sofreram muito ou continuam sofrendo e não voltam atrás e outras na mesma situação que até morreram se dar o braço a torcer, ir em busca do seu verdadeiro destino.
Conheço uma moça que foi iniciada criança, conforme foi crescendo viu que não era aquilo que ela queria, gostava, se afastou. Começou a ficar muito doente, foi em busca do orisa, tomar obrigação para melhorar a saúde, mas nem por isso voltou para a religião.
Por isso que digo que é complicado iniciar uma criança ou até mesmo um bebê que não tem entendimento da religião.
ase o
Bom dia
Acredito que esse é um assunto complexo porque devemos levar em consideração vários fatores, como por exemplo, o por que da iniciação (se é algo relacionado a saúde da criança, se é uma criança apontada para um cargo, posto ou missão específica e etc). Partindo desse princípio devemos julgar de duas maneiras diferentes, li os dois comentários anteriores e concordo com as duas, ao meu ver uma criança deve ser iniciada quando existe algum dos motivos citados a cima, porque ele é um escolhido querendo ou não ele correria riscos caso escolhesse não seguir aquilo (assim acredito eu), em contra partida acredito que caso não tenha um motivo eminente deve se esperar e ver qual será a decisão da criança e a sua escolha quando ela tiver idade suficiente para julgar o que quer para si como disse a Wanessa, tendo em vista que todo somos de Livres Pensamentos.